quinta-feira, 14 de junho de 2012

Carboidratos e a Microbiota intestinal

Carboidratos e a Microbiota Intestinal

Bifidobacterium ssp. da Microbiota HumanaBifidobacterium ssp. da Microbiota Humana

      Na última edição do periódico “Nature reviews Microbiology” foi publicada uma interessante revisão sobre a relação entre o metabolismo dos carboidratos com os micro-organismos da microbiota intestinal. Glicanas e polissacarídeos provenientes de alimentos vegetais (amido, hemicelulose e pectina), cartilagem e tecidos animais (glicosmanoglicanas e N- glicanas) e o muco (glicanas O- Ligadas) trazem uma enorme variedade de moléculas para o ambiente dos micro-organismos intestinais. Como exemplo, podemos citar a glicoproteína mucina do muco, que pode ter centenas de diferentes estruturas ligadas a glicoproteína.

     A microbiota que se estabelece no intestino após o nascimento tem um efeito profundo na saúde e fisiologia humana, beneficiando a modulação do desenvolvimento imunológico, auxiliando na digestão de nutrientes, sintetizando vitaminas e inibindo a colonização de patógenos. Anormalidades nesta microbiota, denomiada de disbiose, pode levar a sérios problemas como doenças inflamatórias intestinais, câncer de colon, colite associada a antibiótico e obesidade. A disbiose é caracterizada por um desequilíbrio nos micro-organismos intestinais que causa uma proliferação de outros que são prejudiciais a saúde. Pode ocasionar também  um aumento do fluxo de vias metabólicas prejudiciais.
   
     Este tema tem sido alvo de intensos estudos nos últimos anos e hoje se sabe que um dos fatores principais que regulam a composição e fisiologia desta microbiota no intestino são os carboidratos presentes no intestino e provenientes da dieta ou do muco intestinal. Neste panorama se observa a diversidade de preferência por determinado carboidratos entre os micro-organismos residentes.  Muitas destas glicanas e polissacarídeos não podem ser hidrolisados pelas enzimas codificadas pelo genoma humano e deste modo, a fermentação microbiana tem um papel fundamental na transformação destas glicanas não digeríveis em ácidos graxos de cadeia curta (SCFAs) como, por exemplo, os ácidos propriônico, acético e butírico. Estes ácidos  servem como nutrientes para os colonócitos e outras células epiteliais  do intestino.

     No início da colonização da microbiota os carboidratos disponíveis são provenientes do leite materno cujos componentes primários são a lactose, glactose, N-acetilglicosamina, fucose, acido siálico e uma mistura de oligossacarídeos complexos (HMOs), Estes oligossacarídeos são glicanas com grande diversidade compostas de lactose com ramificações ou N- acetil lactosmamina, com ácidos siálicos e fucose em suas cadeias. A microbiota nascente tem basicamente 4 filos de micro-organimos: Bacteroidetes, Proteobacteria, Firmicutes  e Actinobacteria. Em crianças alimentadas exclusivamente com o leite materno predominam os gêneros Lactobacillus spp. e Bifidobacterium spp. que metabolizam muito bem o oligossacarídeos (HMOs). Crianças alimentadas com leites formulados têm menos Lactobacillus e Bifidobacterium spp e um aumento significativo de Clostridium spp., Bacteroides spp. e  de membros da família Enterobacteriaceae. Ao serem introduzidos na alimentação, cereais, frutas e vegetais outros micro-organismos aparecem como bactérias Gram-negativas como os  Bacterióides, espécies do filo Firmicutes e as Actinobactérias. Nas bactérias dos adultos predominam os filos Firmicutes e Bacteroidetes.

     O tipo de alimentação é um fator importante. Estudos feitos com crianças africanas, que têm uma dieta rica em fibras e crianças européias com uma alimentação baixa em fibras,  mostraram diferenças significativas. No primeiro grupo a microbiota mostrou ser formada mais por espécies de Bacteroidetes e Actinobacterias do que por Firmicutes e proteobacteria. O oposto foi observado nas crianças européias. Diferenças também foram observadas nos gêneros encontrados: nas crianças africanas predominam o Prevotella spp. e Xylanibacter spp. , enquanto nas européias, os gêneros Bacteroides spp. e Alistipes spp prevalecem  dentro dos Bacteroidetes.

     Vários fatores afetam a utilização das glicanas pelas bactérias intestinais.  A degradação destas glicanas pode ser dificultada porque muitos destes substratos estão em microambientes  como a camada de mucosa do intestino. Outras estão em alimentos que possuem glicanas como celuloses, hemicelulose e pectina na parede celular destas plantas. O amido pode estar em grânulos insolúveis resistentes às enzimas degradativas. Cozimento, moagem e outras metodologias usadas na preparação dos alimentos podem minimizar estes problemas, mas são as enzimas microbianas que conseguem degradar estas glicanas. Algumas espécies, como o endosimbionte Bacteroides  thetaiotaomicron, por exemplo, pode degradar mais de 12 tipo de glicanas.

     Estratégias diferentes para degradar os carboidratos são desenvolvidas por estes micro- organismos em relação à organização e expressão dos genes, tipo e números de enzimas envolvidas e mecanismo de transporte. No intestino existem os microambientes diferentes passando pelo íleo e colon até o reto com tecidos com características histológicas peculiares em relação à espessura da camada mucosa que vão alterar a disponibilidade das glicanas.

     Suplementações com fibras prebióticas da dieta como a inulina (β- frutana de cadeia longa)  e fruto-oligossacarideos têm sido eficientes para minimizar os efeitos de uma dieta rica em gordura Estas fibras promovem os crescimento do Bifidobacterium spp., Roseburia spp. e  Faecalibacterium prausnitzii . As fibras previnem o câncer de colo em ratos e reduz inflamações. Recentemente, formulações contendo arabinoxialanas e chitina-glicana foram promissoras em restaurar o balaço Bacterioides/ Firmicutes na comunidade microbiana, melhorando as funções mesmo em dietas ricas em gorduras. Os prebióticos ajudam a reduzir o colesterol porque estimulam a microbiota a produzir propianato que é transportado pela corrente sanguínea até o fígado, inibindo a síntese de colesterol. Adição de outros micro-organismos para compor a microbiota, como  os  probióticos, também é de grande  utilidade.

     Todos estes estudos, muito bem abordados nesta revisão, mostraram que a disponibilidade das glicanas e polissacarídeos é um dos principais fatores na determinação da relação dos carboidratos com a microbiota intestinal.


Por Alane Beatriz Vermelho

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Padronização de uma solução de tiossulfato de sódio

     A solução padrão de tiossulfato de sódio é a mais importante para as análises de água, atuando nas determinações de oxigênio dissolvido, cloro residual e cloro ativo. Infelizmente Na2S2O3 . 5H2O, não é padrão primário porque não se pode assegurar o grau de hidratação além do que as suas soluções são muito instáveis.

Objetivo: Padronizar uma solução de tiossulfato de sódio.

Titulação: Proceder de acordo com o esquema abaixo:
      
          |¯¯¯¯¯¯¯ Na2S2O3
---------------> 2mL KIO3 0,01 mol/L (padrão primário)
                                            50 mL água destilada
                                            3 mg de KI
                                            2 mL de H2SO4 (1mol/L)

- Titule agitando com suavidade, o idodo liberado até que esteja próximo do ponto final (amarelo palha);
- Adicione 2 mL de goma de amido e continue a titulação até a mudança de azul para incolor;
- Anote o volume gasto de tiossulfato de sódio (Na2S2O3)
-NUNCA ADICIONAR AMIDO EM CONCENTRAÇÕES ELEVADAS DE IODO!
 -O padrão primário escolhido aqui é o iodato de potássio que libera iodo por oxidação de iodeto em meio ácido. O iodo liberado é titulado pelo tiossulfato valendo-se de amigo como indicador.

Dados: Massa molar do tiossulfato de sódio = 158 g/mol


Ref: - Vogel, A.I. Química analítica quantitativa, 1960.